15 de ago. de 2009

margens plácidas

há uma margem amordaçada
onde brada um tácito grito
estancado no peito
retumbante e varonil
um estampido que ressoa
de forma subversiva
nos corações e mentes
condicionados aos subterrâneos
d’uma liberdade qu’ainda tardia
porque plácidas são as faces ocultas
que assistem apáticas
ao delapidar de um povo
e ao postergar d’uma nação
não a placidez da tranqüilidade
da omissão calculada
mas a placidez da impotência
da marginalidade
da letargia
e do estado tumular
de nossas esperanças

há que se alimentar a fé
e se amamentar o sonho
masturbar-se de versos
e engravidar-se da poesia
que se carrega nas entranhas
e escorre nas veias
nos viadutos nas frestas
e nas esquinas do país
há que se rumar
em direção à estação prometêica:
resisto e insisto!
há que sangrar o peito
e romper as grades
ousar o novo
carnavalizar o povo
e libertar o grito
com um instigante brado:
independentes ou mortos!

(José Edward, IN "Pátria Que Pariu! & Outros Poemas")

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