12 de abr. de 2008

Joaquim Palmeira em três tempos
O poeta Joaquim Palmeira está de volta ao Brasil, depois de um tour por Portugal, Cabo Verde e Guiné-Bissau, onde foi fazer pesquisas e entrevistar poetas para um dos vários projetos que tem engatilhado: Minas entre os povos da mesma língua – Antropologia de uma poética. O resultado desse projeto será publicado no final no ano em um livro já batizado com o nome de Portuguesia. A obra reunirá poemas de cem poetas contemporâneos do Brasil e dos três países visitados por Palmeira. Dono de uma vasta obra e portador de uma linguagem ímpar, Joaquim Palmeira (que um dia foi Wilmar Silva) é também curador do Projeto Terças Poéticas, possivelmente o mais importante evento de divulgação da poesia brasileira atual. A seguir, três roseanos poemas de sua lavra:

riomarnointeriordasgraiz
euanuavesoubichonasenda
poçodespelhoáslisárguacor
rentondvítriocorpocorpiodfauno
nichodgravetofelindiaviés
véudavalsíndigodobrasil
triçaentrioandorinhasanu
Do livro "Anu" (Orobó Edições – 2001)

e meu sangue a eiva da seiva e todoomoinhoquevem de algumvitral que me olhade longe e mais andino que meu proprioandado eue eu farejo aformiga que sangraasruas sempre a caça de verde eu mesmo doído sou cravo meu deusvaneio emladrar asviasvaiasdasvitrenes e mais fogo que provar aaave estiolada em frente acadela que me cvocifera e você que diz esconder milmedusasnapele sequer umhalo cabeçad e medusa traz no pescoço para ficar doidivana essa vertigemaragemsem meu destino eu sem fado o que faço agora nesse cerrado que perde as árvorese se acasala ao mundo dservos e cervos que passam jutas nops lábios apenas paracoloriris as dores amargas de todsos os sóis que amedrontam o raiar das alvoradasque alvo nenhum ara nem com pontacegadepunhal e mais ponho e mais pus parapurgar oque visluzmbra a guelra em guizos de quem aguarda na grotagruta rodase aros forjados que param e levam oviolado que violava agora eu translúcido emmeu viço laço sou lasso e lascivo igual nóscivo que lança espinho lanço meu poema com mil lanças amais
Do livro "Cachaprego" (Anome Livros - 2004)

Atlas

nem one nem um nem eins nas mãos
nem two nem dois nem zwei nos pés
nem three nem três nem drei nos pés
nem four nem quatro nem vier nos pés
nem five nem cinco nem fünf nos pés
nem six nem seis nem sechs nos pés
nem seven nem sete nem sieben nos pés
nem eight nem oito nem acht nos pés
nem nine nem nove nem neun nos pés
nem ten nem dez nem zehn nos pés
cem eleven cem onze cem elf mil mãos cem mil pés
Brazil Brasil Brasilien
Poema inédito, apresentado no espetáculo de (re)lançamento do livro "Estilhaços no Lago de Púrpura" (Belo Horizonte – 2007)

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